10/05/2017

outubro 05, 2017

O preço para comprar uma nota de 100 dólares nas ruas de Luanda voltou a descer ligeiramente na última semana, uma tendência que se regista desde as eleições gerais angolanas de 23 de agosto, sendo hoje já transacionado a 37.000 kwanzas.
O custo de uma nota de 100 dólares norte-americano no mercado paralelo rondava, antes das eleições, os 39.000 a 40.000 kwanzas, acima do dobro da taxa de câmbio oficial definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA), há um ano e meio fixa nos 16.600 kwanzas.
Numa ronda realizada hoje pela Lusa foi possível encontrar em Luanda uma nota de 100 dólares a ser vendido entre os 37.000 e os 37.500 kwanzas em bairros de referência da capital, como Mártires de Kifangondo, Mutamba, Maculusso ou São Paulo, uma nova desvalorização, ligeira, face à semana anterior.
O último pico na cotação de rua, ilegal, mas também indicativa para vários setores de atividade, registou-se em junho, quando uma nota de 100 dólares chegou aos 40.000 kwanzas , tendo descido nas semanas seguintes.
Estes valores na cotação informal contrastam com o pico deste ano, de 50.000 kwanzas por uma nota de 100 dólares, registado nos primeiros dias de janeiro.
Angola realizou eleições gerais a 23 de agosto, que culminaram com a vitória (61%) do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que garantiu a maioria qualificada no parlamento e a eleição de João Lourenço como novo Presidente da República e que já tomou posse a 26 de setembro.
Atualmente, mantêm-se as limitações no acesso a divisas nos bancos, inclusive nas contas em moeda estrangeira, situação que torna a venda paralela, para muitos nacionais e estrangeiros, a única forma de aceder a dólares ou euros em Angola.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.
A atividade das 'kinguilas' - como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas - foi condenada em abril pelo governador do BNA, que advogou o seu fim.
"Não podemos ter, no nosso país, determinadas ruas que definem a referência do preço, onde se vendem dólares ou euros. Não podemos ter este nível de fluxo financeiro no mercado informal, que tem um grande impacto sobre o sistema financeiro", justificou Valter Filipe.
As taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho do ano passado, depois de máximos de 630 kwanzas em junho, face à falta de dólares nos bancos.

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